sábado, 2 de setembro de 2017

Crônicas e cólicas.02

suportava ouvir o choro do filho, e usava isso como desculpa para chegar tarde em casa, e com isso não me procurava com a intensidade que era acostumado, o que me dava um grande alívio. Logo o motivo veio à tona, mesmo casado ele havia trocado alianças de noivado com outra mulher, minha mãe ficou sabendo através de uma amiga dela que era vizinha da moça em questão, e tentou resolver as coisas sem que isso viesse ao meu conhecimento, mas não deu certo. Quando vi a oportunidade de me livrar desse casamento, fui novamente impedida pelas promessas dele pra ela que ele mudaria a atitude e me culpou por isso, ela aceitou e me convenceu a continuar. Mudar, sim houve mudança mas de residência, meu sogro deu a ele o dinheiro da entrada de uma casa que eles haviam escolhido, e que com a venda da primeira casa também compraram um terreno no qual construíram outra  para eles bem em frente a nossa, do outro lado da rua.
Pela primeira vez acreditei que podia ser feliz, mas nada disso aconteceu, a influência dela(a mãe dele) era muito grande na nossa vida, até as minha roupas íntimas ela comprava, porque o dinheiro da despesa da casa ele entregava  nas mãos dela, a feira também, aprendi a fazer as comidas que a mãe dele fazia e a manter o mesmo cardápio semanal elaborado por ela, quando eu cozinhava algo diferente ele jantava na casa da mâe do outro lado da rua, eu não podia falar nada porque senão ele começava a me xingar e humilhar e começou a jogar as coisas em cima de mim. A primeira agressão física começou quando tentei impedir ele de bater em nosso filho com quase 3 anos, porque assustado com os xingamentos começou a chorar, ele pegou o menino pelo pescoço e o levantou para bater em sua pernas que eram tão frágeis, tirei o menino de sua mão e fui agredida e jogada no chão pelos cabelos onde ele me pisava porque eu queria proteger o meu filho com o meu corpo. Assustada eu não conseguia reagir, e assim  fiquei até que ele parou e foi pro banheiro tomar banho, depois foi pro quarto deitar. Coloquei meu filho no berço no quarto dele e fiquei ao seu lado ainda com medo que ele voltasse… Fiquei na sala durante a noite toda com o corpo dolorido e a alma em frangalhos. Pela manhã como se nada tivesse acontecido, ele se arrumou e foi trabalhar.
Naquele dia eu me tranquei em casa só com meu filho, nós dois no silêncio da dor, á noite quando ele chegou mais cedo com um buquè de flores, foi me abraçando e pedindo perdão, que eu não falasse pra ninguém o que tinha acontecido, se justificou falando que estava nervoso, trabalhando sobre pressão...
E foi assim  que o inferno se manifestou, os pais dele um tempo depois venderam aquela casa e compraram outra na praia e se mudaram, nesse meio tempo  a imagem de casal perfeito foi por terra, meu sogro também começou a se rebelar do controle possessivo da sua esposa que fazia questão de mostrar a todos a imagem de casamento feliz, que estava desmoronando, e aproveitou uma viagem de trabalho que fez pra Cuiabá, e lá conheceu um outro amor e queria a separação… O mundo caiu na cabeça dela, que aproveitou pra colocar os filhos contra ele. Nesse ínterim sobre as circunstâncias bem pioradas de uma vida sexual forçada, engravidei pela segunda vez...Outra gravidez complicada onde fui acometida de rubéola,no que os médicos aconselharam realizar o aborto por ser uma doença que quando surge no início da gravidez traz complicações na formação da criança, eu não aceitei fazer o aborto. Fomos passar um final de semana com  a família do primo do meu sogro na sua casa na praia para que o meu marido pudesse contar a tragédia que havia se abatido sobre ele por conta do veredicto do médico e a minha decisão em não interromper a gravidez, notícia que não a agradou, mas no que  tive apoio do meu sogro que era espírita kardecista, o que irritou profundamente  minha sogra que nunca aceitou a afeição que meu sogro tinha por mim, acusou ele de ser o pai do filho que eu estava esperando, ela sentia um ciúmes doentio depois que ele havia revelado que era infeliz ao seu lado, se meu sogro saia e logo após eu também saia de casa ele dizia que estávamos nos encontrando escondido, por essa fala meu marido me deu uma bofetada na minha cara na frente de todos na cozinha quando cheguei, eu havia saído com a esposa do primo dele e os filhos dela, pra comprar lembranças da cidade pra ela levar de recordação que ela deslumbrada pelo lugar queria levar( foi uma outra mulher sofredora com o marido alcoólatra), o que todos se surpreenderam com essa reação e uma acusação infundada.Nesse pacote veio também o veredicto do médico que a criança poderia nascer cega,com debilidade mental e outras anomalias, mesmo assim eu não aceitei fazer o procedimento por ser a minha convicção contra o aborto. Foi a gravidez mais solitária e sofrida que passei, ele chegava tarde, bêbado, fui acordada várias vezes com ele encostando o revólver na minha barriga, dizendo que não queria um filho débil mental, ou tentando me enforcar, me batia com toalha molhada pra não deixar marca, e eu não tinha pra quem pedir socorro ou contar o que estava acontecendo, e se falasse era desmentida por ele que fazia cara de anjo. Meu filho nasceu no final de abril de 1970 sem defeito algum, lindo, forte, foi escolhido o bebê mais bonito da maternidade e ganhou uma cesta dos produtos johnson. Com olhos grandes e verdes, gordo como um porquinho,crescendo demonstrou precocemente seu comportamento hiperativo,o que irritava o pai, enquanto o mais velho era um cisco, magro, miúdo sempre doente.  Começou a vivenciar a violência do pai dentro de casa,que já havia se tornado uma regra.
As vezes busco nas lembranças os bons momentos, mas não os encontro mais porque os maus superaram de uma maneira impressionante, numa mistura de dor, mágoa e ódio por aquele que estava destruindo minhas perspectivas de uma vida tranquila e feliz.

As coisas foram piorando, eu procurava viver com a hipocrisia dessa família que mesmo depois de dias em que me recuperava de mais uma sessão de

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SAUDADE É A MEMORIA QUE NÃO MORRE.

A SAUDADE É O QUE FICA DAQUILO QUE PARTIU, DAQUILO QUE JÁ NÃO É MAIS.SAUDADE É AUSÊNCIA, É O SENTIMENTO DE VAZIO QUE FICA DE QUEM SE FOI....