Pra todas, a história começa como viver um sonho de conto de fadas, o Príncipe que vira sapo num curto espaço de tempo... A 50 anos atrás, então com 17 anos, também foi assim. O duro é quando a família dos dois lados, hoje questiono se intencionalmente contribuíram para que uma filial do inferno fosse criado.
De um lado a minha,um lar desestruturado com uma convivência com uma mãe que mal eu conhecia, irmãs que eu amava e que finalmente aos 14 anos fomos reunidas,antes vivíamos uma vida nômade cada uma com alguém, intercalado com o internato que a do meio e eu, vivemos, a mais nova teve a sorte de ficar mais tempo com nossos avós maternos, nos juntamos para conviver. O que não entendemos o porque que fomos separadas, esse reencontro foi o lado bom de tudo, minhas irmãs, eu como mais velha me sentia completa cuidando das mais novas. um novo casamento da minha mãe foi a razão da união. Um homem bom com quem ela se casou e que nos deu carinho de pai,mesmo com a falta da atenção dela principalmente comigo, afinal éramos estranhas sem laço afetivo. Eu a amava porque fui criada por conceitos religiosos de que mãe seria o amor maior que poderíamos ter, só que para ela não era assim…Essa convivência durou apenas 3 anos.
Assistimos ela cometer os mesmos erros do casamento com meu pai,já falecido, motivado por uma apendicite supurada e um histórico de alcoolismo, que foi o que fez minha mãe nos abandonar e ele nos entregar aos nossos avós maternos, eu com 3 anos, a do meio 2 e a mais nova 8 meses, um casamento que durou apenas 4 anos. Carregamos na família de minha mãe o estigma de órfãs de pais vivos, o que deu o direito a eles de nos humilhar e logo cedo e me colocar para trabalhar em suas casas com a desculpa que estavam me preparando para à vida, eu pelo menos consegui aprender mesmo muito nova 7 anos, a ser Babá dos primos mais novos, aprendi prendas domésticas, a cozinhar, bordar, costurar, e tive a oportunidade de expressar minha gratidão já adulta as minhas tias, mas não sem antes lavar minha alma pelo que fizeram a nós e que faziam questão de não lembrarem, foi bom porque a mágoa deixou meu coração, e pude conceder o perdão pedido por uma delas, que de quebra perdoei a todas e todos.
isso fez de mim uma ótima pretendente para quem quisesse casar sem enrolar muito, e assim foi feito...não tive muito tempo para escolher, fui escolhida e com isso em 4 meses, namorei, noivei e casei.
Eu não tinha nenhuma experiência sexual e nem orientação, mesmo minha mãe sendo tecnica de enfermagem. Meu temperamento tímido reservado, foi muito difícil encarar com naturalidade as obrigações do casamento, porque o meu marido se gabava de ser muito experiente no assunto com apenas 21 anos.
Descendente de Romenio com Slavo, a família dele se gabava pela forma como ele tratava as mulheres, era bonito, sedutor, nórdico, olhos azuis…Fui morar com meus sogros, uma pequena cunhada de 5 anos e uma outra da minha idade casada e mãe de uma pequena menina, em uma casa separada que ficava nos fundos, era uma casa grande bem estruturada e confortável. Controladora minha sogra não queria que o filho dela vivesse em outro lugar que não fosse ali. E eu não era bem o que eles queriam,apontavam os meus cabelos crespos, mesmo minha pele sendo branca mas com o indício do sangue negro que eu devia carregar no meu DNA, é o que eu sempre ouvia, e quando tiveram conhecimento do comportamento desregrado e promíscuo da minha genitora, usavam essas palavras quando então nas reuniões familiares entre eles, porque nas quatros paredes passei a ouvir ofensas pejorativas e de baixo calão me comparando à ela.
Meu pesadelo estava só começando, a amostra se revelou na lua de mel, onde passamos em um sítio de um primo do pai dele em Salto, 10 dias onde envergonhada comecei a ser submetida ao seu apetite sexual que não tinha limite e lugar, eu tinha medo de sair com ele pra passear pelo sítio, porque ele queria ter relações em lugares abertos não importando com a presença dos primos ou empregados, me constrangendo e obrigando o que me fez adoecer mesmo naquele fim de mundo, ficava desesperada, confusa, me sentindo culpada e imunda, com uma aliança no dedo esquerdo e uma certidão oficializada em cartório no comecinho de março de 1967 que dava a ele o direito de ser meu amo e senhor. Assim era tratada como um objeto que não tivesse vontade própria, engravidei e foram dias difíceis até o nascimento do meu filho no final de Outubro, que nasceu prematuramente num parto induzido e fórceps, depois de várias idas e vindas pro hospital, desde o início pois mesmo grávida era obrigada a satisfazer os desejos do meu marido, que com a desculpa do meu estado, também mantinha relacionamentos fora, com a conivência da sua mãe, afinal ela se orgulhava de ter um filho super macho.
O bebê nasceu muito frágil, e todos esperavam que não vingasse, chorava dia e noite, eu saia para à rua com ele em meus braços durante as madrugadas para que seu choro não perturbasse o sono de todos na casa.
Foi então que começou em mim o desejo de ir embora daquele lugar, e o cansaço começou a trabalhar na minha mente que não era isso que eu queria pra minha vida, comecei a me rebelar e a dar respostas quando era acuada,demonstrava o desejo de acabar com aquele casamento, um ano e meio depois. Mal sabia que essa atitude seria como assinar a minha sentença de morte. Casamento era para toda a vida, gritava minha sogra nos meus ouvidos, que na família dela mulher não abandona marido, e que eu tinha a quem puxar…
Mesmo assim, quando eu soube que a casa da minha mãe estava vazia, eu quis voltar pra lá, sair daquela casa que me escravizava e me anula. Minha mãe resolveu me ajudar com a condição que eu continuasse casada, contra a vontade da mãe dele ele foi comigo, mas as coisas não melhoraram, ele não

Nenhum comentário:
Postar um comentário