sábado, 2 de setembro de 2017

Crônicas e Cólicas 04

Não podia imaginar que esse episódio seria apenas o começo de uma fixação doentia de um ciúme destruidor, que colocaria a minha vida em risco constante. dona Lúcia não teve mais condição de me ajudar, ficou aterrorizada, com o acontecido, era uma pessoa simples, sem estudos, sem leitura, foi traumatizante pra ela, pegou um medo terrível dele, e não mais foi a minha casa, eu é que frequentava a dela, pois continuava a ajudá-la com mantimentos e um pouco de dinheiro para o sustento dos seus filhos.
Eu guardava o dinheiro que ganhava, confeitando bolos, e assim  também ajudava uma ou outra pessoa que me procurasse em seus momentos difíceis, mas sempre escondido dele, para não sofrer represálias.
Eu vivia no mesmo quarteirão onde também moram familiares da minha sogra, e isso me deixava com a sensação que era vigiada todo tempo.
Foi assim que a Mãe desse amigo dele que escondeu a arma, o convidou para uma sociedade em um restaurante que ela tinha, e como o marido dela estava doente e já também idoso, e ficava difícil pra manter a qualidade no atendimento,porque era especializado em feijoada feita à lenha, ele acabou aceitando e eu acabei na cozinha, o que me dava muito prazer, porque gostava de cozinhar. Um belo dia comecei a passar mal, o calor do fogão á lenha era terrível, e eu tinha constante sangramento uterino, pedi para ficar em casa e fui ao médico, e com surpresa recebi a notícia que estava grávida quase no sétimo mês mesmo com o sangramento. Nesse meio tempo essa sócia, uma senhora de 60 anos, começou a assediar o meu marido, o que pela primeira vez eu o vi constrangido com essa atitude dela, foi então que decidimos vender a casa e ir embora daquele bairro e fomos morar no centro de São Paulo, em um apartamento espaçoso.
Infelizmente, acreditando em uma mudança radical em nossas vidas e na esperança mais uma vez em suas promessas de fim das violências, fui de peito aberto para a felicidade, um recomeço que para mim seria colocar uma pedra em cima do passado.
Em menos de um mês no novo lar minha filha nasceu em Julho 1980, e mesmo na maternidade, recém saída da sala de cirurgia,ainda sobre o efeito da anestesia da cintura para baixo, ele teve a coragem de se masturbar ao lado da minha cama no hospital, se esfregando no meu braço com o soro em minha veia… Um buraco se abriu naquele momento, percebi que nada havia mudado, que minha vida voltaria a ser um inferno… O que realmente foi.
Nem o meu resguardo onde com a barriga cheia de pontos, já em casa  queria me obrigar a satisfazer os seus desejos sexuais, ele não quis respeitar, eu amanhecia sentada em uma cadeira no quarto das minhas filhas, com a desculpa de amamentar a pequena, até que ele dormisse, e  saísse  para o trabalho no quartel. Esse era o motivo para ele procurar  outros tipos de mulheres que satisfizesse os seus instintos doentio.
Várias vezes eu chamava uma viatura policial para pedir ajuda, mas éramos encaminhados para o QG em Santana, onde ele me acusava de ser portadora de distúrbio mental. comecei a ficar apavorada quando vi que ele convencia os seus superiores, e o medo tomava conta de todo o meu ser, cheguei a pensar que talvez eu estaria enlouquecendo,não tinha a quem recorrer,e também a vergonha tomava conta do meu viver,juntamente o com o pavor, a insegurança travava o meu agir.
Muitas vezes tentei entender o que leva um ser humano agir dessa forma tão destruidora sem o mínimo remorso com a dor causada,tentei suportar,mas o meu limite havia chegado ao máximo da tolerância suportada. procurava uma saída,porque vendo os meu meninos sofrerem com a violência desmedida desmedida do pai, era o meu maior sofrimento. Mesmo assim resolvi ir embora levando todos comigo, o que não foi fácil, porque ele se trancou no apartamento,ameaçando dar cabo deles, meu único recurso foi chamar uma viatura que me auxiliasse a tirar os meu filhos das mãos dele, chegou ameaçar     
de espancamento  o meu mais velho que era pra dizer para os policias que eu era louca, e que ele estava protegendo os dois do meu surto de loucura, o que não convenceu os policiais, nesse momento me senti protegida, mesmo nao confiando naqueles homens fardados da mesma corporação que ele fazia parte, a experiência de ser tratada como nada anteriormente quando precisei da proteção policial em outros momentos que pedi ajuda, e fui novamente colocada nas mãos do meu agressor… Vi nos olhos daqueles homens um pouco de piedade pela minha agonia, e convenceram meu marido a me entregar os meninos, porque as meninas e mais algumas coisas que eu estava levando estavam dentro do fusca junto com uma amiga que condoída me ajudava,parado em frente ao prédio na rua só esperando os meninos e eu…
Descemos a serra do Mar rumo ao Guarujá, onde fui buscar socorro com minha mãe que estava morando na casa dos meus avós,e estava cuidando da minha avó cega, casa onde passei a minha infância, la chegando o sentimento de ser acolhida tomou conta da minha alma . sabia da disponibilidade de uma edícula que fora construída no meio do quintal da casa dos meus avós,que meu avô João  dizia ser para acolher um filho ou netos se necessitasse em algum momento difícil que por um acaso estivessem passando. Eu estava nesse momento. Ali seria perfeito pra eu recomeçar a minha vida com meus filhos e com a ajuda da minha mãe  que  estava com seu quarto marido.

Logo meu entusiasmo foi por água abaixo… Fiquei gelada com a reação dela, que não conseguiu esconder que não me queria lá com meus filhos, e como minha irmã já vivia com ela com dois filhos um casal que tinha, ela nos confinou juntas na edícula e falou que não queria ouvir barulho das crianças que eram sete, sendo a minha mais nova com um ano e três meses minha caçula e dois mais velhos com treze e doze anos filho e sobrinho, os restantes eram intermediários, nove, duas de seis, e mais uma de três anos e meio…

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SAUDADE É A MEMORIA QUE NÃO MORRE.

A SAUDADE É O QUE FICA DAQUILO QUE PARTIU, DAQUILO QUE JÁ NÃO É MAIS.SAUDADE É AUSÊNCIA, É O SENTIMENTO DE VAZIO QUE FICA DE QUEM SE FOI....