domingo, 17 de setembro de 2017

SAUDADE É A MEMORIA QUE NÃO MORRE.

A SAUDADE É O QUE FICA DAQUILO QUE PARTIU, DAQUILO QUE JÁ NÃO É MAIS.SAUDADE É AUSÊNCIA, É O SENTIMENTO DE VAZIO QUE FICA DE QUEM SE FOI...MAS AS VEZES A SAUDADE É UM VAZIO TAO GRANDE QUE OCUPA MUITO ESPAÇO DENTRO DO CORAÇÃO, E APERTA TANTO O PEITO QUE ACABA TRANSBORDANDO E ESCORRENDO PELOS OLHOS.


MEU FILHO CARLOS, FOTO TIRADA NO ROCK IN RIO EM MADRI.

MUITO PRAZER, SOU EU

OS MAIS SOZINHOS, SÃO OS MAIS LEGAIS, OS MAIS TRISTES, TEM O SORRISO MAIS LINDO, OS MAIS MACHUCADOS, SÃO OS MAIS SÁBIOS, OS MAIS TÍMIDOS, SÃO OS MAIS INTERESSANTES...

ANTES DE JULGAR PELO QUE VÊ... TE CONVIDO A ME CONHECER.

sábado, 2 de setembro de 2017

HOMENAGEM PÓSTUMA

Em toda minha vida eu não tive muito tempo de escrever um diário, não que me faltasse vontade,mas muitas vezes não tinha um porto seguro, um lugar tranquilo como tenho hoje, e agora com uma bagagem de causar inveja a muita enciclopédia, e atendendo o pedido de muitos amigos que acrescentaram muito na minha vida e a um pedido especial do meu falecido filho Carlos Eduardo , que sentava ao meu lado e sempre no seu modo saudosista de ser,me dizia...Lembra disso?Lembra daquilo?... Buscava na memória fatos que muitas vezes eu queria esquecer, alguns alegres,mesmos sendo poucos que passamos juntos, mas tendo na sua maioria lembranças das tristezas e mazelas que a vida  havia nos proporcionado, percebia que nele  ainda algumas feridas  sangravam, porque via seus olhos verdes marejarem com lagrimas que teimavam em escorregar em seu rosto,com quase cinquenta anos de vida, quarenta e e oito precisamente,quando pedia pra que eu escrevesse fatos de uma realidade passada e que não podia ser esquecida. Ouvia seus relatos, e sentia arrepio em constatar que quantas coisas ele havia guardado dentro do peito. E como ele procurava esquecer tudo isso muitas vezes se embriagando...A paixão pelo Rock e pela liberdade que aquele som estridente e barulhento fazia, transformava em alegria tudo a sua volta...O espírito nômade que devia ter herdado da minha avó paterna, se manifestavam vez em quando fazendo com que sentisse vontade de voar como um pássaro sem destino. Promessa que vou cumprir em sua homenagem meu filho amado, Carlão, Paulista,Madureira,Português como era conhecido e chamado pelos amigos.

Crônicas e Cólicas 01

Pra todas, a história começa como viver um sonho de conto de fadas, o Príncipe que vira sapo num curto espaço de tempo... A 50 anos atrás, então com 17 anos, também foi assim. O duro é quando a família dos dois lados, hoje questiono se intencionalmente contribuíram para que uma filial do inferno fosse criado.
De um lado a minha,um lar desestruturado com uma convivência com uma mãe que mal eu conhecia, irmãs que eu amava e que finalmente aos 14 anos fomos reunidas,antes vivíamos uma vida nômade cada uma com alguém, intercalado com o internato que a do meio e eu, vivemos, a mais nova teve a sorte de ficar mais tempo com nossos avós maternos, nos juntamos para conviver. O que não entendemos o porque que fomos separadas, esse reencontro foi o lado bom de tudo, minhas irmãs, eu como mais velha me sentia completa cuidando das mais novas. um novo casamento da minha mãe foi a razão da união. Um homem bom com quem ela se casou e que nos deu carinho de pai,mesmo com a falta da atenção dela principalmente comigo, afinal éramos estranhas sem laço afetivo. Eu a amava porque fui criada por conceitos religiosos de que mãe seria o amor maior que poderíamos ter, só que para ela não era assim…Essa convivência durou apenas 3 anos.
Assistimos ela cometer os mesmos erros do casamento com meu pai,já falecido, motivado por uma apendicite supurada e um histórico de alcoolismo, que foi o que fez minha mãe nos abandonar e ele nos entregar aos nossos avós maternos, eu com 3 anos, a do meio 2 e a mais nova 8 meses, um casamento que durou apenas 4 anos. Carregamos na família de minha mãe o estigma de órfãs de pais vivos, o que deu o direito a eles de nos humilhar e logo cedo e me colocar para trabalhar em suas casas com a desculpa que estavam me preparando para à vida, eu pelo menos consegui aprender mesmo muito nova 7 anos, a ser Babá dos primos mais novos, aprendi prendas domésticas, a cozinhar, bordar, costurar, e tive a oportunidade de expressar minha gratidão já adulta as minhas tias, mas não sem antes lavar minha alma pelo que fizeram a nós e que faziam questão de não lembrarem, foi bom porque a mágoa deixou meu coração, e pude conceder o perdão pedido por uma delas, que de quebra perdoei a todas e todos.
isso fez de mim uma ótima pretendente para quem quisesse casar sem enrolar muito, e assim foi feito...não tive muito tempo para escolher, fui escolhida e com isso em 4 meses, namorei, noivei e casei.
Eu não tinha nenhuma experiência sexual e nem orientação, mesmo minha mãe sendo tecnica de enfermagem. Meu temperamento tímido reservado, foi muito difícil encarar com naturalidade as obrigações do casamento, porque o meu marido se gabava de ser muito experiente no assunto com apenas 21 anos.
Descendente de Romenio com Slavo, a família dele se gabava pela forma como ele tratava as mulheres, era bonito, sedutor, nórdico, olhos azuis…Fui morar com meus sogros, uma pequena cunhada de 5 anos e uma outra da minha idade casada e mãe de uma pequena menina, em uma casa separada que ficava nos fundos, era uma casa grande bem estruturada e confortável.  Controladora minha sogra não queria que o filho dela vivesse em outro lugar que não fosse ali. E eu não era bem o que eles queriam,apontavam os meus cabelos crespos, mesmo minha pele sendo branca mas com o indício do sangue negro que eu devia carregar no meu DNA, é o que eu sempre ouvia, e  quando tiveram conhecimento  do comportamento desregrado e promíscuo  da minha genitora, usavam essas palavras quando então nas reuniões familiares entre eles, porque nas quatros paredes passei a ouvir ofensas pejorativas e de baixo calão me comparando à ela.
Meu pesadelo estava só começando, a amostra se revelou na lua de mel, onde passamos em um sítio de um primo do pai dele em Salto, 10 dias onde  envergonhada comecei a ser submetida ao seu apetite sexual que não tinha limite e lugar, eu tinha medo de sair com ele pra passear pelo sítio, porque ele queria ter relações  em lugares abertos não importando com a presença dos primos ou empregados, me constrangendo e obrigando o que me fez adoecer mesmo naquele fim de mundo, ficava desesperada, confusa, me sentindo culpada e imunda, com uma aliança no dedo esquerdo e uma certidão oficializada em cartório no comecinho de março de 1967 que dava a ele o direito de ser meu amo e senhor. Assim era tratada como um objeto que não tivesse vontade própria, engravidei e foram dias difíceis até o nascimento do meu filho no final de Outubro, que nasceu prematuramente num parto induzido e fórceps, depois de várias idas e vindas pro hospital, desde o início pois mesmo grávida era obrigada a satisfazer os desejos do meu marido, que com a desculpa do meu estado, também mantinha relacionamentos fora, com a conivência da sua mãe, afinal ela se orgulhava de ter um filho super macho.
O bebê nasceu muito frágil, e todos esperavam que não vingasse, chorava dia e noite, eu saia para à rua  com ele em meus braços durante as madrugadas para que seu choro não perturbasse o sono de todos na casa.
Foi então que começou em mim o desejo de ir embora daquele lugar, e o cansaço começou a trabalhar na minha mente que não era isso que eu queria pra minha vida, comecei a me rebelar e a dar respostas quando era acuada,demonstrava o desejo de acabar com aquele casamento, um ano e meio depois. Mal sabia que essa atitude seria como assinar a minha sentença de morte. Casamento era para toda a vida, gritava minha sogra nos meus ouvidos, que na família dela mulher não abandona marido, e que eu tinha a quem puxar…

Mesmo assim, quando eu soube que a casa da minha mãe estava vazia, eu quis voltar pra lá, sair daquela casa que me escravizava e me anula. Minha mãe resolveu me ajudar com a condição que eu continuasse casada, contra a vontade da mãe dele ele foi comigo, mas as coisas não melhoraram, ele não

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suportava ouvir o choro do filho, e usava isso como desculpa para chegar tarde em casa, e com isso não me procurava com a intensidade que era acostumado, o que me dava um grande alívio. Logo o motivo veio à tona, mesmo casado ele havia trocado alianças de noivado com outra mulher, minha mãe ficou sabendo através de uma amiga dela que era vizinha da moça em questão, e tentou resolver as coisas sem que isso viesse ao meu conhecimento, mas não deu certo. Quando vi a oportunidade de me livrar desse casamento, fui novamente impedida pelas promessas dele pra ela que ele mudaria a atitude e me culpou por isso, ela aceitou e me convenceu a continuar. Mudar, sim houve mudança mas de residência, meu sogro deu a ele o dinheiro da entrada de uma casa que eles haviam escolhido, e que com a venda da primeira casa também compraram um terreno no qual construíram outra  para eles bem em frente a nossa, do outro lado da rua.
Pela primeira vez acreditei que podia ser feliz, mas nada disso aconteceu, a influência dela(a mãe dele) era muito grande na nossa vida, até as minha roupas íntimas ela comprava, porque o dinheiro da despesa da casa ele entregava  nas mãos dela, a feira também, aprendi a fazer as comidas que a mãe dele fazia e a manter o mesmo cardápio semanal elaborado por ela, quando eu cozinhava algo diferente ele jantava na casa da mâe do outro lado da rua, eu não podia falar nada porque senão ele começava a me xingar e humilhar e começou a jogar as coisas em cima de mim. A primeira agressão física começou quando tentei impedir ele de bater em nosso filho com quase 3 anos, porque assustado com os xingamentos começou a chorar, ele pegou o menino pelo pescoço e o levantou para bater em sua pernas que eram tão frágeis, tirei o menino de sua mão e fui agredida e jogada no chão pelos cabelos onde ele me pisava porque eu queria proteger o meu filho com o meu corpo. Assustada eu não conseguia reagir, e assim  fiquei até que ele parou e foi pro banheiro tomar banho, depois foi pro quarto deitar. Coloquei meu filho no berço no quarto dele e fiquei ao seu lado ainda com medo que ele voltasse… Fiquei na sala durante a noite toda com o corpo dolorido e a alma em frangalhos. Pela manhã como se nada tivesse acontecido, ele se arrumou e foi trabalhar.
Naquele dia eu me tranquei em casa só com meu filho, nós dois no silêncio da dor, á noite quando ele chegou mais cedo com um buquè de flores, foi me abraçando e pedindo perdão, que eu não falasse pra ninguém o que tinha acontecido, se justificou falando que estava nervoso, trabalhando sobre pressão...
E foi assim  que o inferno se manifestou, os pais dele um tempo depois venderam aquela casa e compraram outra na praia e se mudaram, nesse meio tempo  a imagem de casal perfeito foi por terra, meu sogro também começou a se rebelar do controle possessivo da sua esposa que fazia questão de mostrar a todos a imagem de casamento feliz, que estava desmoronando, e aproveitou uma viagem de trabalho que fez pra Cuiabá, e lá conheceu um outro amor e queria a separação… O mundo caiu na cabeça dela, que aproveitou pra colocar os filhos contra ele. Nesse ínterim sobre as circunstâncias bem pioradas de uma vida sexual forçada, engravidei pela segunda vez...Outra gravidez complicada onde fui acometida de rubéola,no que os médicos aconselharam realizar o aborto por ser uma doença que quando surge no início da gravidez traz complicações na formação da criança, eu não aceitei fazer o aborto. Fomos passar um final de semana com  a família do primo do meu sogro na sua casa na praia para que o meu marido pudesse contar a tragédia que havia se abatido sobre ele por conta do veredicto do médico e a minha decisão em não interromper a gravidez, notícia que não a agradou, mas no que  tive apoio do meu sogro que era espírita kardecista, o que irritou profundamente  minha sogra que nunca aceitou a afeição que meu sogro tinha por mim, acusou ele de ser o pai do filho que eu estava esperando, ela sentia um ciúmes doentio depois que ele havia revelado que era infeliz ao seu lado, se meu sogro saia e logo após eu também saia de casa ele dizia que estávamos nos encontrando escondido, por essa fala meu marido me deu uma bofetada na minha cara na frente de todos na cozinha quando cheguei, eu havia saído com a esposa do primo dele e os filhos dela, pra comprar lembranças da cidade pra ela levar de recordação que ela deslumbrada pelo lugar queria levar( foi uma outra mulher sofredora com o marido alcoólatra), o que todos se surpreenderam com essa reação e uma acusação infundada.Nesse pacote veio também o veredicto do médico que a criança poderia nascer cega,com debilidade mental e outras anomalias, mesmo assim eu não aceitei fazer o procedimento por ser a minha convicção contra o aborto. Foi a gravidez mais solitária e sofrida que passei, ele chegava tarde, bêbado, fui acordada várias vezes com ele encostando o revólver na minha barriga, dizendo que não queria um filho débil mental, ou tentando me enforcar, me batia com toalha molhada pra não deixar marca, e eu não tinha pra quem pedir socorro ou contar o que estava acontecendo, e se falasse era desmentida por ele que fazia cara de anjo. Meu filho nasceu no final de abril de 1970 sem defeito algum, lindo, forte, foi escolhido o bebê mais bonito da maternidade e ganhou uma cesta dos produtos johnson. Com olhos grandes e verdes, gordo como um porquinho,crescendo demonstrou precocemente seu comportamento hiperativo,o que irritava o pai, enquanto o mais velho era um cisco, magro, miúdo sempre doente.  Começou a vivenciar a violência do pai dentro de casa,que já havia se tornado uma regra.
As vezes busco nas lembranças os bons momentos, mas não os encontro mais porque os maus superaram de uma maneira impressionante, numa mistura de dor, mágoa e ódio por aquele que estava destruindo minhas perspectivas de uma vida tranquila e feliz.

As coisas foram piorando, eu procurava viver com a hipocrisia dessa família que mesmo depois de dias em que me recuperava de mais uma sessão de

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violência e descaso, havia os momentos festivos comemorativos onde todos pareciam fraternos e amorosos,faziam alusão ao nome familiar como se fossem nobres vindos de outras terras, era uma maneira que tinham para usarem máscara, fui pegando nojo do sobrenome que estava carregando como se fosse uma corrente maldita na minha existência.
Sem precisar descrever os momentos íntimos do meu casamento que foram o meu maior pesadelo, engravidei novamente, com isso veio uma menina no final de dezembro de 1974, tão branquinha e loira como os irmãos, nem parecia que eram meus,houve uma trégua, porque ele tinha à atenção voltada para o seu próprio endeusamento, era cortejado e cortejava abertamente, mulheres  que agora vinham até ele para aconselhamento pessoal, pois havia se tornado um líder espiritual Umbandista, e a vaidade fazia com que se sentisse num pedestal, onde tudo podia na arte da sedução, no que era bem profissional.
Quando a brincadeira se fizesse cansativa, ele se lembrava de mim, seu alvo preferido pra descontar as suas frustrações, ai invertia os fatos, me acusou de traí-lo, de ter outros homens, tornou obsessivo esse seu comportamento, quando eu saia na volta ele me obrigava a ser examinada em minha partes íntimas, se eu me recusava era agredida com socos no estômago o que me paralisava os sentidos pela dor intensa, isso era sempre no nosso quarto constantemente, quando ele chegava do bar onde ficava bebendo e jogando bilhar na esquina de casa, arrumava amantes para mim, me ofende, me maltratava fazendo comparações com o comportamento da minha mãe, que trai descaradamente seu novo marido( o terceiro), me comparando com ela, isso começou a desenvolver em mim um ódio dele, pensei até em acabar com minha própria vida, estava sem saída, sem amparo.Eu começei a tomar anticoncepcional Novulon, que estava em fase de teste, mesmo assim comecei a tomar, até que ele disse que assim era mais fácil eu poderia traí-lo, jogando os comprimidos no vaso sanitário e dava descarga, revirava minhas coisas para ter certeza que eu não estava escondendo mais cartelas dos comprimidos.
Novamente ele usava a estratégia de trazer flores e pedir perdão, prometendo que ia mudar, acabava aceitando, eu não tinha pra onde ir mesmo. durante um tempo as coisas ficavam amena, mas logo voltava a mesma rotina, eu não via o tempo passar pois além de cuidar da casa e dos meus filhos comecei a ganhar algum dinheiro fazendo bolos de casamento para fora, isso me distraia e me trazia algum retorno financeiro, que no qual me dava muito prazer em dar mimos aos meus filhos. Me apeguei em uma fé de seguimento espírita o Candomblé, para aliviar e dar respostas aos meus sofrimentos e força para mudar a minha vida. Fui conseguindo a reagir aos seus desmandos,  com isso sai da minha casa depois de outra agressão, uma família amiga minha me acolheu, mas com o passar dos dias ele foi atrás de mim, pedindo perdão, eu estava grávida pela quarta vez, e depois de tanta insistência acabei voltando.Fiquei horrorizada quando uma noite ele me levou em um médico, e chegando lá queria me convencer a abortar, porque senão o pessoal ia pensar que o filho que eu estava esperando não era dele. Chorei muito e diante do médico eu falei que não faria o aborto, porque não tinha nada o que esconder, o médico então o chamou na sala e disse que se o filho não fosse dele o interesse maior em interromper a gravidez era meu, e que ele não faria o procedimento sem o meu consentimento.Meu marido ficou sem graça, pediu desculpas e fomos pra casa.
Por ironia do destino em 1977 nascia minha filha, morena como eu e os meus familiares, os outros três eram loiros como ele e sua família, isso foi o bastante para o povo  dele murmurar o resto da vida, mas qual foi a minha surpresa, da felicidade dele com a menina, e o apego dos dois que gerou muito ciúmes por parte dos outros.
Nesse meio tempo, o desejo de ir embora, continuava no meu coração, e ele sabia disso, aproveitava para continuar o seu  plano, agora pra me destruir, dizia que preferia chorar no meu túmulo do que me ver solta para que outros pudessem usufruir.

Teve um fato que a arma dele havia desaparecido, Ah… esqueci de mencionar, ele era policial militar, que trabalhava na manutenção dos carros da corporação, e na época em plena Ditadura, ele fez uma denúncia que eu ajudada por uma amiga da minha mãe(que nós a chamávamos de dona Lúcia, uma mulher que também pra escapar da violência do marido havia se mudado para perto de nós com seus 8 dos 10 filhos, no qual ela sustentava com minha ajuda e do seu trabalho de faxina, me conheceu pequena antes da separação dos meus pais, eu a considerava minha tia)  me auxiliava nos trabalhos domésticos, tínhamos pego a arma, não só a dele como outras e entregue aos meus amigos que frequentavam a mesma casa de Candomblé que eu fazia parte, que eram Comunistas que estavam escondidos lá. Fui pela primeira vez conduzida ao Serviço de Informação da Polícia Militar e passei por vários interrogatórios e fui ameaçada que seria entregue ao DOPS (Departamento de Ordem Social e Política) caso essa arma ou outras não fossem encontradas, O terreiro que eu frequentava foi invadido e vasculhado,  ninguém sabia o que estava acontecendo, muito menos eu. Foram três dias que para mim pareciam eternos,nunca questionei com quem ficou com meus filhos na minha casa, Após esses dias, fui liberada junto com minha amiga, porque a arma havia aparecido, foi uma brincadeira de mau gosto que um amigo dele sargento do Corpo de Bombeiros chamado Sérgio(um outro espancador de mulher, a esposa dele também sofria com constantes agressões)que frequentava a nossa casa, fez, escondendo para ajudar ele me dar um corretivo, só não esperava que o que ele fez teria esse desfecho, ficou com medo de ser envolvido e por isso devolveu a arma pra ele.

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Não podia imaginar que esse episódio seria apenas o começo de uma fixação doentia de um ciúme destruidor, que colocaria a minha vida em risco constante. dona Lúcia não teve mais condição de me ajudar, ficou aterrorizada, com o acontecido, era uma pessoa simples, sem estudos, sem leitura, foi traumatizante pra ela, pegou um medo terrível dele, e não mais foi a minha casa, eu é que frequentava a dela, pois continuava a ajudá-la com mantimentos e um pouco de dinheiro para o sustento dos seus filhos.
Eu guardava o dinheiro que ganhava, confeitando bolos, e assim  também ajudava uma ou outra pessoa que me procurasse em seus momentos difíceis, mas sempre escondido dele, para não sofrer represálias.
Eu vivia no mesmo quarteirão onde também moram familiares da minha sogra, e isso me deixava com a sensação que era vigiada todo tempo.
Foi assim que a Mãe desse amigo dele que escondeu a arma, o convidou para uma sociedade em um restaurante que ela tinha, e como o marido dela estava doente e já também idoso, e ficava difícil pra manter a qualidade no atendimento,porque era especializado em feijoada feita à lenha, ele acabou aceitando e eu acabei na cozinha, o que me dava muito prazer, porque gostava de cozinhar. Um belo dia comecei a passar mal, o calor do fogão á lenha era terrível, e eu tinha constante sangramento uterino, pedi para ficar em casa e fui ao médico, e com surpresa recebi a notícia que estava grávida quase no sétimo mês mesmo com o sangramento. Nesse meio tempo essa sócia, uma senhora de 60 anos, começou a assediar o meu marido, o que pela primeira vez eu o vi constrangido com essa atitude dela, foi então que decidimos vender a casa e ir embora daquele bairro e fomos morar no centro de São Paulo, em um apartamento espaçoso.
Infelizmente, acreditando em uma mudança radical em nossas vidas e na esperança mais uma vez em suas promessas de fim das violências, fui de peito aberto para a felicidade, um recomeço que para mim seria colocar uma pedra em cima do passado.
Em menos de um mês no novo lar minha filha nasceu em Julho 1980, e mesmo na maternidade, recém saída da sala de cirurgia,ainda sobre o efeito da anestesia da cintura para baixo, ele teve a coragem de se masturbar ao lado da minha cama no hospital, se esfregando no meu braço com o soro em minha veia… Um buraco se abriu naquele momento, percebi que nada havia mudado, que minha vida voltaria a ser um inferno… O que realmente foi.
Nem o meu resguardo onde com a barriga cheia de pontos, já em casa  queria me obrigar a satisfazer os seus desejos sexuais, ele não quis respeitar, eu amanhecia sentada em uma cadeira no quarto das minhas filhas, com a desculpa de amamentar a pequena, até que ele dormisse, e  saísse  para o trabalho no quartel. Esse era o motivo para ele procurar  outros tipos de mulheres que satisfizesse os seus instintos doentio.
Várias vezes eu chamava uma viatura policial para pedir ajuda, mas éramos encaminhados para o QG em Santana, onde ele me acusava de ser portadora de distúrbio mental. comecei a ficar apavorada quando vi que ele convencia os seus superiores, e o medo tomava conta de todo o meu ser, cheguei a pensar que talvez eu estaria enlouquecendo,não tinha a quem recorrer,e também a vergonha tomava conta do meu viver,juntamente o com o pavor, a insegurança travava o meu agir.
Muitas vezes tentei entender o que leva um ser humano agir dessa forma tão destruidora sem o mínimo remorso com a dor causada,tentei suportar,mas o meu limite havia chegado ao máximo da tolerância suportada. procurava uma saída,porque vendo os meu meninos sofrerem com a violência desmedida desmedida do pai, era o meu maior sofrimento. Mesmo assim resolvi ir embora levando todos comigo, o que não foi fácil, porque ele se trancou no apartamento,ameaçando dar cabo deles, meu único recurso foi chamar uma viatura que me auxiliasse a tirar os meu filhos das mãos dele, chegou ameaçar     
de espancamento  o meu mais velho que era pra dizer para os policias que eu era louca, e que ele estava protegendo os dois do meu surto de loucura, o que não convenceu os policiais, nesse momento me senti protegida, mesmo nao confiando naqueles homens fardados da mesma corporação que ele fazia parte, a experiência de ser tratada como nada anteriormente quando precisei da proteção policial em outros momentos que pedi ajuda, e fui novamente colocada nas mãos do meu agressor… Vi nos olhos daqueles homens um pouco de piedade pela minha agonia, e convenceram meu marido a me entregar os meninos, porque as meninas e mais algumas coisas que eu estava levando estavam dentro do fusca junto com uma amiga que condoída me ajudava,parado em frente ao prédio na rua só esperando os meninos e eu…
Descemos a serra do Mar rumo ao Guarujá, onde fui buscar socorro com minha mãe que estava morando na casa dos meus avós,e estava cuidando da minha avó cega, casa onde passei a minha infância, la chegando o sentimento de ser acolhida tomou conta da minha alma . sabia da disponibilidade de uma edícula que fora construída no meio do quintal da casa dos meus avós,que meu avô João  dizia ser para acolher um filho ou netos se necessitasse em algum momento difícil que por um acaso estivessem passando. Eu estava nesse momento. Ali seria perfeito pra eu recomeçar a minha vida com meus filhos e com a ajuda da minha mãe  que  estava com seu quarto marido.

Logo meu entusiasmo foi por água abaixo… Fiquei gelada com a reação dela, que não conseguiu esconder que não me queria lá com meus filhos, e como minha irmã já vivia com ela com dois filhos um casal que tinha, ela nos confinou juntas na edícula e falou que não queria ouvir barulho das crianças que eram sete, sendo a minha mais nova com um ano e três meses minha caçula e dois mais velhos com treze e doze anos filho e sobrinho, os restantes eram intermediários, nove, duas de seis, e mais uma de três anos e meio…

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O meu desespero foi tanto pra me livrar daquele homem, que não me lembrei das duras penas que minha irmã passava com ela, que muito a contragosto olhava o casal de filhos dela para que ela fosse buscar o sustento deles não importando da forma que fosse. Mesmo assim eu e minha irmã nos unimos para uma ajudar a outra, eu sairia pra trabalhar, e ela cuidaria das crianças que ela amava…
isso não foi de agrado da minha mãe… E ela quando era contrariada tinha acessos de raiva e agredia minha irma que ja tinha vinte anos por nada, isso me revoltava, havia fugido de um ambiente de violência e fui parar em outro, e num desses acessos dela eu impedi a agressão, arregalou os olhos para mim cheio de raiva, e entrou na casa dela, foi no quarto onde minha irmã dormia com os filhos ao lado do quarto dela, pegou todas as roupas dela e dos filhos e jogou tudo no quintal.
Ficamos as duas juntas na edicula com os nossos filhos, mas a nossa tranquilidade a incomodava, então arrancou os fios que leva a energia elétrica para a nossa casinha, e cortou o fluxo da água também… Ficamos com as sete crianças em um lugar sem água e sem luz, o desespero bateu no meu coração, naquela situação… Durante a noite saiamos em silêncio com toalhas e sabonete e íamos a praia que ficava uns três quarteirões para dar banho nas crianças e nós também, na volta numa esquina em frente a praia havia uma torneira do lado de fora de um restaurante que só abria na temporada, ali nos falávamos,e ainda traziam água em baldes para cozinhar e beber,fizemos isso por dez dias, e a minha pequena caçula que tinha alergia de mosquitos ficou com a pele muito branca que tinha coberta de feridas, e sem saber com os banhos no mar, as feridas foram fechando. Sofremos caladas por vergonha de pedir ajuda aos vizinhos por vergonha, nos viram crescer nada fizeram pra nos ajudar,sabiam o que ela fazia, mas para não entrar em conflito com minha mãe,se faziam de cegos.Quando voltávamos da praia após os banhos e armazenamento de água, ficamos trancadas dentro de casa a luz de velas que eu comprava com os recursos que eu havia trazido comigo que eu tinha guardado por muito tempo planejando fugir com meus meninos, minha irmã brincava com eles enquanto eu fazia o jantar, eu ficava olhando pra eles, enquanto brincavam e riam sem entender o que estava acontecendo, um dia em certo momento eu dei uma saída no quintal e percebi uma voz conhecida que vinha de dentro da casa da  minha mãe, fiquei gelada...Era ele que estava lá… Estava mancomunado com ela pra dificultar a minha vida, para voltar pra ele… Minha cabeça girou… voltei pra trás, chamei minha irmã e contei pra ela que ficou quieta pensativa…
Nao consegui pregar o olho com medo que ele arrombasse a porta, mas estranhei o silêncio… Na manhã seguinte fui comprar o pão e o leite pras crianças e não o vi e nem ouvi a sua voz, e minha mãe ainda dormia,o que me dava a liberdade de transitar no quintal, e as crianças em silêncio colhiam frutas, pois no quintal de quinhentos metros quadrados meu avô havia plantado um pomar com frutas variadas, que fazia a festa das crianças tal qual na minha infância. Realmente ele nao estava, já havia ido embora, só veio pra alimentar a ruindade dela. Era o momento de sair daquele lugar, eu já estava trabalhando numa imobiliária, onde conheci pessoas disposta a me ajudar,sensibilizados pela minha situação e revoltados pelo tratamento que a família nos dava de abandono e omissão e arrumaram pra mim um apto na Praia do Tombo, longe dali, mobiliado e com um valor que eu poderia pagar com o meu trabalho…
Foi uma festa e a alegria das crianças ao conhecerem o novo lugar onde íamos morar, que tinha até piscina, me deu novamente a esperança de recomeçar. Minha irma não ia precisar mais roubar água do tanque da casa para dar banho nas crianças lá no fundo do quintal para que minha mãe não percebesse a água escorrendo no chão e armazenar escondido dela, porque quando chovia não podíamos levar as crianças para dar banho na praia, e a danadinha adorava fazer essa travessura e enganar a mamãe…
Agora não seria mais preciso, íamos morar com dignidade, e assim fomos levando nossa vida, eu trabalhando fora, e ela cuidando das crianças. Matriculei todos, menos a pequena, em uma escola próxima, onde iam todos os dias brincado pela rua calma daquele lugar.
Voltei a acreditar que agora tudo daria certo…
Eu trabalhava com locação de imoveis, que tinha uma considerável procura, o mercado estava bom, eu tinha experiência, e estava ganhando o suficiente para sustentar a minha nova casa com toda a ninhada…
Ficava feliz em ver meus filhos, meus sobrinhos com aquela alegria, o condomínio tinha os portões dos fundos que dava na praia, onde meus pequenos podia usufruir a vontade...Mesmo que eu não tinha muito tempo livre, mas meu coração voltou a sentir alegria…
Minhas tias, irmãs da minha mãe, que moravam no  centro do Guarujá, quando me encontravam na rua, fingiam não me ver, e atravessavam a rua, e eu não entendia o porque, uma delas a mais nova, chegou a colocar o meu filho mais velho que tinha um gênio muito difícil de lidar, era exclusivista, e não gostava de ajudar os irmãos, alimentando o egoísmo dele, e dificultando a minha vida.
Mas enquanto a família agia dessa forma, amigos me ajudavam a contornar os problemas que ele causava, conversando com ele,procurando fazer ele entender que eu precisava dele, e que ele era muito importante pra mim…,coisa que ele só veio entender muito tarde…
Mesmo com esse comportamento difícil do meu filho, as coisas estavam indo bem pra nós, até o meu marido nos encontrar… Aparecia do nada no meio da semana com a desculpa de ver as crianças, eu não podia impedir, mas ele começou a vir e querer pernoitar no meu apto, e começava a dormir na sala junto com meus filhos e sobrinho, mas invadia o meu quarto pela madrugada onde eu dormia com a minha pequena, porque as outras meninas dormiam com minha irmã no outro quarto, e tentava me molestar,querendo obrigar a fazer sexo com ele, diante da recusa, ele me agredia, sai do quarto e com minha pequena nos braços que dormia, eu amanhecia na escada que dava pra sala onde os meninos dormiam, enquanto ele se esparramava na minha cama e colocava o revólver a vista do lado dele, até o amanhecer e ia embora,fazia isso porque sabia que eu não gritaria e nem faria escândalo onde eu estava morando a pouco tempo e teria vergonha… Não deixava nem um tostão para comprar um pão para os filhos.
Uma semana depois ele voltou, e eu não quis deixá-lo entrar, e então começou a me agredir no corredor na porta do apto, no que o zelador percebeu e veio ao meu socorro e o expulsou do condomínio aos empurrões e ameaçou chamar a polícia se visse ele rondar a portaria, mesmo do outro lado da rua, ele não reagia com o zelador porque era do seu feitio se acovardar com com um outro homem. Me recordo que teve uma ocasião que ele deu um tapa na cara de um garoto de 10 anos filho de um vizinho nosso, um português, inquilino do primo dele quando morávamos no Itaim, ele entrou apressado em casa e foi pro quarto e disse eu não estou, se vierem me chamar, não entendi ate o pai do garoto chamar no portão armado, e perguntou por ele, eu falei o que ele havia pedido, fiquei assustada, estava grávida de quase oito meses da minha filha do meio, e meu vizinho então me falou, que só não entrava na minha casa para desentocar ele, por respeito a mim,e que  ele tinha meios e dinheiro pra tirar ele da da Polícia Militar, porque ele era muito inútil, só servia pra ficar enfiado arrumando viatura na garagem do Tatuapé, e não ia tirar o sustento do meus filhos, porque ele só sabia fazer isso na vida, e era um pinguço, mau caráter,mulherengo, que vivia contando vantagem no Bar. Mas que ele não cruzasse o caminho dele e de ninguém da família dele. Quando entrei meu marido estava escondido embaixo da cama do nosso quarto… Fiquei pasma com o que vi... Ele só era valente com mulher e criança… 30 anos depois encontrei aquele menino, tinha se tornado um advogado muito requisitado, e me abraçou quando me viu, e me disse que ele nunca esqueceu o fato, e que teve conhecimento do que havia acontecido comigo, e me falou que estaria a minha disposição caso ele viesse a me perseguir. Pensei comigo… Uma criança de dez anos não esqueceu um fato que poderia ter se transformado em uma tragédia e ter mudado o rumo do futuro dele e de toda a família … E ter ficado tão marcado nele...Imaginem então vocês o que marcou tão profundamente e comprometeu o futuro  dos meus filhos por toda a vida deles, não tiveram como escapar… Carregando pela existência conflitos gerados e repetidos por muito tempo.
Minha tranquilidade ameaçada novamente, ele nas folgas voltava e começou a rondar onde eu trabalhava, me perseguia e me ameaçava, até que mudei de local de trabalho, consegui um em Sao Vicente indicada por um colega de trabalho,mas estava difícil, eu havia comprado um carro também desse casal de amigos e  era meu instrumento de trabalho, e uma mudança para um outro local onde a concorrência não era nada amistosa, naturalmente influenciou na queda dos meu ganhos, e era uma batalha desleal, machista, e muitas vezes exigia de mim um tempo maior,com isso chegava mais tarde em casa muito mais cansada do que o normal. Mal tinha tempo de espairecer com meus filhos, minha irmã fazia o meu papel, porque também passei a trabalhar nos finais de semana, e apenas a noite eu e ela levamos as crianças para correr na praia em frente ao condomínio, onde sentava na areia e trocava as ideias e planejando um futuro pra todos nós com um final feliz.
Até hoje eu me pergunto o que realmente aconteceu porque minha vida virou de cabeça para baixo, um tsunami veio mudar minha história.
Precisou passar um bom tempo para que eu pudesse entender o porque de todos os acontecimento que vieram em sequência, e fizeram desses dias em diante eu protagonizar um verdadeiro filme de terror.
As consequências das ações impensadas por um ciúme doentio, um machismo descontrolado, e um desejo de posse sobre a minha vida, em nome de um amor que nunca existiu, contribuíram para que eu fosse literalmente perseguida por um regime Político que virou minha vida de cabeça para baixo.
Tudo já havia saído de controle,vivíamos  no momento uma Ditadura cruel, de perseguição e morte sem explicação alguma, e com as denúncias anteriormente feitas por ele, eu estava sendo vigiada pelo serviço de informação Militar, e pelo DOPS ( Departamento de Ordem Política e Social), que não deram trégua.
Um dia quando me dirigia ao meu trabalho em Sao Vicente, como fazia todos os dias, entrei no elevador às dez horas da manhã, pois o escritório ficava no quinto andar, e junto comigo entraram dois homens, naturalmente estranhos,que apertaram o botão de parada para o terceiro andar, até aí uma atitude normal,sendo o elevador com capacidade para 8 pessoas, mas quando o elevador parou no andar que haviam solicitado, aqueles homens me obrigaram a descer, e se dirigiam para uma sala onde funcionava um escritório de contabilidade, onde mais dois aguardavam, obrigaram o único funcionário que lá estava a sair e ficar no corredor e junto com um deles, fecharam a porta por dentro e começaram a vasculhar a minha bolsa sem falar nada, nao sei o que procuravam, mas vez em quando dois deles saia da sala e o outro me vigiava, eu perguntava do que se tratava, pensei que seria um assalto, foram duas horas de silêncio e interrogações que passava pela minha cabeça,o que estaria acontecendo? E as doze horas, com o mesmo silêncio, um deles  segurando o meu braço, descemos a escada que dava para a entrada do edifício, o porteiro não estava, estranhei esse fato, saímos à rua e caminhamos pela calçada até a primeira esquina, e lá estava uma Rural Willys verde água e branca, a placa era de Sao Paulo. Me colocaram no banco de trás onde fiquei no meio de dois dos homens e os outro dois sentaram na frente.
Rodaram a cidade, e também foram para Santos, conversavam entre eles como se eu não existisse, não respondiam às perguntas que eu fazia,  paravam em certos lugares que eu nunca havia estado, os dois da frente, o motorista e o que estava ao seu lado desciam, momentos depois voltavam, fizeram isso em aproximadamente em uns quinze lugares, e os outros dois ficavam comigo… No final da tarde, retornaram para Sao Vicente, e lá para a Delegacia, não me recordo qual, desceram comigo e me colocaram em uma pequena cela, algum tempo depois me levaram para uma sala, que não havia  janelas, as paredes estavam respingadas de sangue,duas cadeiras, uma mesa comum de madeira e em um canto cordas e um balanço tipo um trapézio, dois baldes com água  e fios elétricos. fiquei lá sozinha por uma hora mais ou menos, e nesse momento o terror havia tomado conta da minha alma, a certeza que algo de muito ruim estava para  acontecer já era eminente. Dois homens entraram novamente e me arrastaram para uma outra sala com uma escrivaninha cheias de pastas, um quadro com fotos, nessa um grande vitrô se destacava. Me encostaram em uma parede e entrou outro homem com uma grande máquina fotográfica, e tiraram várias fotos, inclusive sem as roupas, completamente nua, o que me constrange profundamente, e chorei copiosamente diante de toda essa exposição, riam e falavam coisas ameaçadoras..Depois retornaram comigo para aquela sala, com o meu corpo enrolado em um lençol, outro levava nas mãos as minhas roupas. Lá chegando três ficaram comigo, e começaram a fazer perguntas, me mostrando fotografias de pessoas que eu nunca havia visto, arrancaram o lençol que cobria o meu corpo e começaram a me bater, um deles dizia,só nao machuca a cara dela, tem que ficar intacta… Um deles ria...Saíram, mas logo voltavam e repetiam as mesmas perguntas que eu não sabia responder, até que um deles me jogou em cima daquela mesa e me estuprou enquanto que o outro se masturbava, depois jogaram água em cima do meu corpo e saíram… O meu maior pesadelo estava apenas começando… Não sabia mais que horas eram, sentia muito frio e dor, logo um outro entrou e jogou minhas roupas no meu rosto e mandou que me vestisse… Colocaram-me naquele carro novamente, vi que estavam indo pra Santos, lá chegando quase no final da madrugada, identifiquei o prédio da Polícia Federal, entraram comigo por uma lateral que saia em uma sala que dava em um corredor para o porão, e me colocaram em uma cela escura sem janelas completamente vazia e imunda, com um mau cheiro terrível, baratas que cobriam o teto e as paredes,ratos que corriam aos montes de um lado para o outro guinchando acho que só para marcar território… Escutava gritos, que não sabia de onde vinham...Ali passei os dias, porque á noite me tiravam de lá e rodavam a cidade da mesma forma de quando me sequestraram… Pela madrugada era espancada, e sofria abusos, além de assistir sessões de torturas de outras  mulheres, uma delas grávida de quatro meses abortou durante o espancamento...Nunca pensei na minha vida de ver tamanha monstruosidades… Foram dias que eu não conseguia atinar o tempo e o espaço e o fuso horário, quando não vinham me buscar no começo da madrugada, me colocavam em celas com presas comuns onde estavam umas vintes mulheres pelo mais variados crimes, não só eu como as outras também, éramos em cinco nesse rodízio de loucura... Uma descrição do ADES, o inferno em vida… Eram todas jovens, essas mulheres que como ...
Eu não conseguia entender o porquê de tudo isso, uma o alvo era o companheiro dela queriam que ela falasse onde ele estava escondido,de duas outras o alvo eram o paradeiro de dois irmãos,outra foi pega tentando fugir do país em um navio cargueiro , no meu caso as perguntas eram sempre direcionada para as atividades de um antigo patrão do Guarujá adepto à Maçonaria,era um bom homem, me ajudou muito, o apartamento que eu estava morando com meus filhos era   dele, que juntamente com sua esposa havia me alugado por um preço simbólico, não entendia o porque que aqueles homens o acusavam de contrabando de pedras preciosas,e me rotularam também,de envolvimento com o Comunismo, faziam perguntas sobre armas escondidas, explosivos que eu soubesse manipular, fotos de pessoas que eu nunca tinha visto,queriam que eu reconhecesse, me acusavam de ser uma loira misteriosa que praticava roubos em bancos e grande magazines, um absurdo pois os meus cabelos sempre foram crespos e castanhos, mas impunha a mim o uso de peruca loira,um costume que jamais tive… E até aquele momento não havia sido levada a presença de um delegado, para que se justificasse minha prisão em Santos ou São Vicente... Certo dia enquanto rodavam comigo ouvi um deles falar que eu seria levada para São Paulo dentro de dois dias….
Nesse meio tempo, o meu pensamento estava nos meus filhos, em minha irmã e sobrinhos que afinal estavam sob minha guarda, como estariam? ela sem dúvida alguma estaria  desesperada com o meu desaparecimento, e eu não podia me comunicar com ninguém… O desespero tomou conta da minha cabeça, eu nao dormia a vários dias, parecia um zumbi, mal me alimentava… Não conseguia chorar, nem mesmo quando sofria intensa tortura física e psicológica, nem dor eu sentia mais, estava muito fraca para qualquer reação, a certeza da morte já estava presente dentro do meu pensamento como o desfecho para tudo isso que estava me acontecendo…
Uma noite fui tirada da cela, e me disseram que eu tinha uma visita… Visita? ?????  Fiquei surpresa e esperançosa, haviam me encontrado,mas quem seria? Meu pesadelo estaria no fim? Foi quando me levaram para uma sala e lá estava minha irmã aos prantos...Ela me contava o que tinha acontecido com minha ausência, meu marido levou minha mãe até o apto,no segundo dia do meu desaparecimento, porque ele estava proibido de entrar e minha mãe entregou meus filhos para ele  e levou os da minha irmã pra casa dela, e ela havia ficado para aguardar a minha volta... Disse que aqueles policiais havia revirado toda a nossa casa, procurando o que, não disseram, e também nao falavam onde eu estava… Foi aí que perguntei quanto tempo eu estava sumida, e ela me respondeu com os olhos arregalados… Dez dias… Nisso ela chorando me contou,nesse momento eles estavam do lado de fora da sala,que aqueles homens a pegaram sentada na praia e a colocaram naquele carro e ameaçaram que dariam fim nela se ela não fizesse com que eu assinasse uns papéis hoje, perguntei quais papéis? ela nao soube me responder. Me contou que não sabia onde meu marido havia levado meus filhos, e que ela estaria voltando para a casa da minha mãe, e que todos os objetos meus que estavam lá, minha mãe já tinha levado embora inclusive minhas roupas e sapatos que eram caros para vender porque era para pagar os prejuizos que eu tinha dado para minha irmã… Falou que o Zelador do Prédio estava ajudando ela muito, condoído pela situação, que levou um advogado amigo dele para ver se podia ajudar, mas com a falta de informação do meu desaparecimento nada podia fazer, porque nas delegacias da baixada santista não constava nenhuma prisão feita da minha pessoa, vasculharam os hospitais e necrotérios, mas somente eles, ninguém da minha família se manifestou ou procurou saber o que estava acontecendo.
Nisso os dois voltaram na sala com uns papéis nas mãos, colocaram em cima de uma escrivaninha e me deram uma caneta olhando para minha irmã.
Nessa altura do campeonato, sem os meus filhos não me restava mais nada, olhei os papéis vi que eram confissões de culpa de alguma coisa, que já não me interessava mais em saber, só implorei que deixassem minha irmã em paz para que ela cuidasse dos filhos dela. Assinei,sabia que disso dependia a vida de quem muito me ajudou… Pedi que queria ter a certeza que ela seria deixada em segurança no Guarujá, então me colocaram no carro junto com ela e a deixaram dois quarteirões da casa da minha mãe, com a promessa dela não comentar nada com ninguém, e ameaçaram dizendo que ela estava sendo vigiada… Olhei minha irmã parada na esquina da praia da Enseada, na Av Santa Maria  estática como se fosse uma estátua de  pedra colocada naquele lugar, enquanto eu me distanciava dentro daquele carro…. Com uma sensação que seria a última vez.
Dez dias...Martelava na minha cabeça, quantos mais eu aguentaria? Já não me importava viver, Ou melhor eu já estava morta… Não tinha mais motivação pra continuar a lutar… O que fariam comigo? Não me interessava mais nada.
De volta a Santos no caminho um daqueles homens ao meu lado começou a me perguntar se eu tinha dinheiro guardado, ou jóias… Se eu tivesse eles me levariam até a fronteira de um dos três países fronteiriços com o Sul do Brasil com uma carona só de ida, sem volta, porque se eu permanecesse em por aqui, não viveria muito tempo.
Tenho procurado resumir toda a narrativa desses acontecimentos, porque se escrevesse tudo minuciosamente, seria como reabrir uma ferida que demorou anos para parar de sangrar, e que a cicatriz deixou marcas profundas.
Era uma tortura psicológica constante, notei que eles estavam nervosos, inquietos, pareciam perdidos sem saber o que fazer comigo naquela altura do campeonato, quando um deles olhou no relógio, eram duas horas da madrugada, disseram que iríamos para São Paulo, e rodamos por uns 30 minutos, e entraram em um atalho que passava por um trecho em obras, acredito ser da Rodovia dos Imigrantes ao pé da Serra, o lugar era ermo escuro, que somente os faróis do carro revelavam um caminho de difícil no acesso e que chegando a uma certa altura, pararam o carro, desceram os quatro e caminham na escuridão, voltando pediram para que eu descesse e que corresse, foi quando percebi que um deles segurava uma arma na minha direção, percebi então o que estava prestes a acontecer, ia atirar nas minhas costas, naquele momento não consigo me lembrar do porque da minha atitude,continuei sentada no estribo daquele carro, que nunca mais esqueci, uma  Rural Willys verde água e branca, e falei que não correria, que atirasse em mim ali, mas de frente, foi quando um deles intercedeu a meu favor, pedindo que bastasse de matança, me dessem a chance de viver em outro lugar, eles discutiram, mas resolveram me colocar de novo dentro do carro, me ameaçando a todo o momento de morte, e voltei para aquele porão imundo, da carceragem da PF.
Naquela cela pude compreender que eu havia voltado de um cemitério clandestino, e como estava desprovida de qualquer sentimento,nem medo mais eu sentia, talvez fosse melhor se tivesse morrido, porque já estava morta por dentro mesmo…
Ali passei o dia, sem saber se chovia ou fazia sol, porque nao tinha janela e nem vitrô naquele lugar,só os guinchos dos ratos e baratas cobriam aquelas paredes úmidas, eu  escutava gritos, e vozes que vinham de várias direções,como em um pesadelo… Até que vieram me buscar,mas eram outros homens que eu nunca tinha visto, me levaram para uma sala, onde até lá chegar, atravessamos vários corredores com várias salas e subimos várias escadas, e me deixaram em uma sala confortável com sofás de couro preto, uma grande escrivaninha, vários livros nas estantes suntuosas a minha volta, até tapete tinha. Ali fiquei sozinha por um bom tempo, até entrar na sala um homem de meia idade, que sentou na cadeira giratória, atrás da escrivaninha e me perguntou o que eu estava fazendo ali, folheava uns papeis que estavam em suas mãos, percebi então que estava na presença de um delegado, que me olhava em silêncio, com as mãos segurando o queixo e o cotovelo na mesa, hora e meia suspirava e me olhava, perguntou o meu nome, balançava a cabeça de forma negativa. Saia e voltava varias vezes, e mantinha a mesma postura, até que chamou, que creio eu ser um investigador, mas que eu também nao conhecia, e perguntou o que eu estava fazendo ali, o que ele respondeu que também não sabia, notei que estavam nervosos.
Então para minha surpresa vi o Pubi, um Primo de segundo grau do meu marido que era investigador, do DOPS de São Paulo,havia sido um escudeiro fiel do delegado Fleury, morto em Ubatuba a um ano atrás,e que naquela época na guerra das polícias civil e militar, ele também estava sendo caçado, e eu o ajudei a fugir, fato que ajudou na denúncia que o meu marido havia feito de mim naquele caso do sumiço do revólver dele no qual fui interrogada no Serviço de Informação da Polícia Militar, ele entrou e me abraçou chorando, junto com ele mais uns dois amigos dele, que vieram de São Paulo e estavam me procurando quando a notícia do meu sumiço. Saímos pela garagem onde a viatura que havia vindo com eles de São Paulo, estava, entramos e fomos rumo ao Guarujá para a delegacia local, onde o circo estava armado, imprensa escrita de Santos,na porta da delegacia,a notícia no Guarujá correu como fogo ladeira acima, alguns amigos que haviam trabalhado comigo e o zelador do apto onde eu estava morando, antes de tudo isso acontecer também estava lá, a viatura entrou comigo no pátio, e entrei pelos fundos acompanhada pelo Pubi que abraçado comigo impedia que tirassem fotos, fui levada para a enfermaria, um médico estava a minha espera, e aquela delegacia foi tomada por um alvoroço...Fui medicada, estava debilitada, desidratada, mas viva. Todo o tempo o Pubi ficou ao meu lado, junto com ele também estava um jovem delegado, no qual ele fazia parte da equipe que viera de Sao Paulo, ao todo eram quatro.Naquele momento me senti protegida, providenciaram refeições decente para mim, e fiquei de repouso lá mesmo… O Pubi a todo momento vinha me trazer informações do que estava acontecendo, e nesse momento ele me disse que o meu marido estava lá também, mas o delegado de Sao Paulo não permitiu a entrada dele na enfermaria para falar comigo. Já era noite quando o Pubi e o Delegado amigo dele que se chamava Sérgio, foram me instruir, porque eu seria levada na presença do delegado de plantão do Guarujá, e me disseram que depois disso eu seria liberada, e que o meu marido estava lá fora com o intuito de me levar embora, estava acompanhado de dois amigos dele, no qual um eu conhecia, e que a intenção era me levar para um sitio em itanhaém e lá me matar.

Ninguém da minha família foi até a delegacia para saber o que estava acontecendo, todos enfiados em suas casas sem o mínimo de preocupação, ou saber de alguma coisa… Não queriam se envolver, era perigoso, naquele momento percebi que estava por minha conta e risco. O Pubi e sua equipe depois que fui liberada voltaram para a capital.
E foi assim que aconteceu, fui ouvida, e o delegado estranhou porque o meu ex patrão estava lá junto com o advogado dele, até então tudo estava muito confuso,mas de alguma forma eu seria responsabilizada por alguma coisa, aqueles policiais que me sequestraram, desapareceram.
Quando saí pela porta da frente da delegacia, já era quase 23hs, e não havia mais aquela confusão, eu não sabia o que ia fazer da minha vida, e nem pra onde ia… Foi quando veio ao meu encontro o zelador do prédio que eu morava junto com a esposa dele, me abraçaram e ele me deu uma soma em dinheiro para eu poder sair do Guarujá, para que meu marido nao me encontrasse… Me levou de carro até a Praia Grande onde morava um tio meu irmão mais novo da minha mãe, o Joãozinho, achei que estaria em segurança, desci em frente a casa do meu tio, e me despedi desse casal amigo que se preocuparam comigo, e que nunca mais eu os vi. Foram anjos enviados por Deus.
Bati na porta, e esperava que logo meu tio viria ao meu encontro, só que isso não aconteceu, ele apenas abriu a janelinha, e disse que não podia me receber na casa dele, era pra eu ir embora, me ofereceu dinheiro para um táxi, foi outra pancada que levei, pois eu sempre o recebia na minha casa quando ele aparecia bêbado e ninguém o queria por perto, eu cuidava dele, e ele me retribuia dessa forma? Nem chorar eu conseguia... Peguei um Táxi já no começo da madrugada naquele lugar, e fui sem rumo até o centro de Santos, fui parar na Frente do Palácio da Polícia onde o meu inferno havia se manifestado, entrei num hotel daqueles chumbregas, onde a janela dava bem pra frente de lá, pedi um quarto,com banheiro, eu só queria tomar um banho e dormir, porque eu já estava no meu limite, minha cabeça doía como se fosse estourar… Tomei um banho demorado, lavei as roupas que eu estava, estendi pelo quarto, e deitei na cama, querendo dormir e acordar como se tudo que havia acontecido tinha sido apenas um pesadelo.

Mas não foi isso que aconteceu… A saga ainda só estava no começo...mas isso eu vou relatar em um novo capítulo, logo mais...Porque esses acontecimentos que hoje narro, ainda doem na alma...Recordar para escrever é um exercício mórbido da memória.
Que vou aos poucos relatando por um pedido que me foi feito pelo meu filho, nos últimos anos que passamos juntos quando da sua volta para o Brasil depois de uma longa ausência de 13 anos, hoje já na Glória do Senhor, a SUA VERDADE deve ser conhecida, assim ele falava. E o titulo escolhido por ele foi "CRÔNICAS e CÓLICAS um TESTAMENTO de DOR".Conversávamos por horas a fio, por noites as vezes intermináveis até horas avançadas na madrugada, ele era saudosista,apegado à lembranças, onde era sempre um conflito e um confronto das alegrias e das dores, como dizia que a vida dele era um mistura do certo com o errado, do real até o irreal, um caleidoscópio, quase um alienígena. Sonhador, Viajante do tempo e do espaço.
A ele que também foi protagonista dessa história de horror, como seus irmãos, que acabaram perdendo o poder de afetividade pela Alienação Parental que sofreram por todos esse anos por conhecerem só um lado da história, onde foram condicionados a aceitar a mentira do abandono.
O tempo tem colocado à tona histórias de sofrimentos com muita semelhança, como a vivida por mim, e ainda com muito pouca solução, mesmo 40 anos depois, muitas mulheres perderam suas vidas, ficaram mutiladas, desonradas, humilhadas, e tendo como coadjuvantes no sofrimento os Próprios filhos, a família destruída em nome de um sentimento de posse,que usa a máscara do ciúme, e travestido de amor.























SAUDADE É A MEMORIA QUE NÃO MORRE.

A SAUDADE É O QUE FICA DAQUILO QUE PARTIU, DAQUILO QUE JÁ NÃO É MAIS.SAUDADE É AUSÊNCIA, É O SENTIMENTO DE VAZIO QUE FICA DE QUEM SE FOI....